É comum que vítimas de derrames cerebrais graves tenham problemas de comunicação como consequência. Mas o britânico Graham Pawley é um caso raro, porque entende tudo mas quase não consegue dizer quase nada. Tem que se virar apenas com "sim" e "não".
Para interagir com Graham, o interlocutor costuma ter que fazer perguntas com respostas afirmativas ou negativas até descobrir a resposta certa.
Estou sentado no sofá do apartamento de Graham, olhando sua ficha médica. Ele está tentando pedir que eu leia em voz alta para ele.
Ele consegue falar "e" ("and", em inglês) e "mmmm", que para ele significa "sim", e também faz um som de "urr". Quando diz "urr", quer dizer que tem mais algo a falar e quer que alguém tente descobrir o que é.
"E urr...", ele diz enquanto leio a ficha médica.
"Sim, acho bem interessante ver isso", eu respondo.
"Não.''
"Desculpe, tem certeza que posso dar uma olhada nisso?"
"Mmm, mmm. E urr…"
"Você quer dar uma olhada aqui"?"
"Não", ele balança a mão esquerda de maneira indecifrável.
"Posso ficar com a ficha?"
"Não", ele responde com mais gestos.
Paul Webley, voluntário que presta assistência a Graham, também tenta adivinhar. "Está bem? Ele é a primeira pessoa que você deixa ler a ficha?", pergunta.
"Não, não, não", diz Graham.
A situação se estende por um minuto ou dois. Além de poucos movimentos, ele pouco consegue usar as mãos para se expressar. "Isso é útil? Estou ajudando?", pergunto.
"Mmm. E urr…"
"Você quer que ele leia para você?", questiona Paul.
"Mmm, mmm", responde Graham.
"Veja, sempre conseguimos chegar lá", diz Paul, com um sorriso.

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